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Tensão entre Israel e Palestina sem acordo nas negociações

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Em outubro de 2020, os conflitos entre israelitas e palestinianos agravaram-se após a decisão por parte de um tribunal Israelita de despejar famílias palestinianas residentes perto de Jerusalém Oriental. Durante as manifestações contra esta decisão, o grupo militar Hamas, que detém o poder da faixa de Gaza, lançou mísseis para território israelita em resposta à violência letal usada contra os palestinianos.

Após este ataque inicial, o estado de Israel bombardeou a faixa de Gaza durante 11 dias, atacando edifícios residenciais, sedes de imprensa e infraestruturas de apoio aos refugiados. Na altura do cessar-fogo, 250 palestinianos tinham morrido e registavam-se mais de 2 mil feridos nestes ataques à zona densamente populada. Estima-se que os danos materiais tenham o valor de dezenas de milhares de dólares e que a habitação de 72 mil pessoas tenha sido afetada.

Contudo, ainda depois do cessar fogo, outros conflitos surgiram nos colonatos Israelitas. Embora as tensões tenham ficado em segundo plano para o resto do mundo, habitantes palestinianos nos colonatos Israelitas manifestam-se todos os dias contra a opressão militar. 

CONFLITOS PROSSEGUEM POR TODO O TERRITÓRIO

Em setembro de 2021, manifestações de Kufr Qaddoum, do banco Ocidental do colonato Israelita terminaram com o disparo de balas de borracha e gás lacrimogéneo. Esta manifestação ocorria contra a ocupação dos colonatos pelos Israelitas e pela restituição do território Palestiniano. 

Para além disto, os habitantes da vila protestavam contra a interdição da estrada principal para o centro de comércio mais próximo que condicionou a acessibilidade dos moradores a bens essenciais.

Na manifestação, que começou pacificamente, jovens palestinianos atiraram pedras contra a polícia israelita, despoletando uma onda de violência.  

Em entrevista ao jornal AlJazeera, o porta-voz da vila denunciou invasões noturnas às habitações, a detenção de manifestantes, entre os quais crianças e jovens menores e a utilização de balas metálicas cobertas por borracha contra os habitantes de Kufr Qaddoum.

Ainda assim, os manifestantes prosseguem com os protestos na esperança de reaver o território que os Israelitas ocuparam.

AS RESPOSTAS INSTITUCIONAIS

Na Assembleia Geral da ONU, que se realizou no fim do mês de setembro, o presidente da ANP, Autoridade Nacional Palestina, exigiu ao estado de Israel que se retirasse de todos os territórios não reconhecidos pelas fronteiras estabelecidas em 1967 no prazo de um ano.

Mahmoud Abbas, no seu discurso em formato vídeo, utilizou termos como “apartheid” e “limpeza étnica”, que têm sido evitados nas negociações entre os dois países e afirmou que está disposto a levar o caso ao Tribunal Internacional de Justiça.

Em resposta, o embaixador Israelita na ONU deixou claro que “quem apoia as negociações [pela resolução do conflito] não ameaça com ultimatos numa plataforma da ONU” e que Abbas provou com o seu discurso que já não é relevante.

Na semana passada, doze países da União Europeia, o Reino Unido e os Estados Unidos da América emitiram declarações com fortes críticas à aprovação do processo de construção de mais de um milhar de casas numa região ocupada da Cisjordânia. Estes alojamentos irão ser construídos em território Palestiniano ocupado, reforçando o domínio Isrealita sobre os colonatos, que são ilegais à luz das fronteiras acordadas em 1967.

Os Estados Europeus emitiram um comunicado oficial, um ano após já terem criticado Israel pela intenção de construção nos colonatos. No início de 2021, os ministros dos negócios estrangeiros da União Europeia falharam na intenção de chegar a acordo sobre como exercer a sua influência geopolítica na questão Palestiniana. Apesar da falta de entendimento geral, Alemanha, França, Bélgica, Espanha, Itália, Polónia, Suécia, Noruega, Finlândia, Dinamarca, Países Baixos e Irlanda apelam ao recuo do Estado de Israel.

“Reiteramos a nossa opinião firme a esta política de expansão de colonatos em todos os territórios ocupados da Palestina, que viola a lei internacional e fragiliza os esforços para implementar a solução de dois Estados”, pode ler-se no comunicado.

O Reino Unido emitiu também um comunicado independente onde reconhece os colonatos como “ilegais à luz da legislação internacional” e um “obstáculo à paz e estabilidade”.

Os Estados Unidos, que até agora têm sido um importante aliado estratégico e militar de Israel, vêm opor-se publicamente à intenção de expansão dos colonatos que “prejudica a perspectiva de solução dos dois Estados”.    

Fica ainda em aberto qualquer solução para a ocupação israelita de território palestiniano, com manifestas dificuldades de entendimento entre os responsáveis das duas partes e sem entendimento de intervenção de potências externas. 

A RESPOSTA SOCIAL

O movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), fundado em 2005 tem vindo a ter cada vez mais impacto. Esta semana, a autora Sally Rooney recusou um acordo de tradução do seu novo livro em hebraico por uma editora israelita por pretender “acabar com o apoio externo à opressão israelita contra os palestinianos e pressionar Israel a cumprir a lei internacional”. 

A autora diz estar a “responder ao apelo da sociedade civil palestiniana” ao aderir ao boicote cultural. Afirma ainda que não pretende excluir a existência de uma tradução em hebraico desde que esta seja compatível com as diretrizes do boicote BDS.

Desde 2005 que vários artistas como Angela Davis, Danny Glover, Patti Smith e Roger Waters aderiram a este boicote, suspendendo as suas atividades em Israel.

 

Escrito por Maria Amaro.

Revisão por Beatriz Oliveira.

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