Ciência e Saúde

Perigo de extinção em massa nos oceanos aumenta a cada dia

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No final de abril, avançou a Lusa, a revista Science publicou um artigo, da autoria  de Justin Penn e Curtis Deutsch, investigadores das universidades de Washington e Princeton, no qual revela o extremo risco de extinção em massa da vida marinha que o Planeta enfrenta. Se a extinção do Cretáceo-Paleógeno, que ocorreu há 65 milhões de anos e levou ao desaparecimento dos dinossauros e da maioria da biodiversidade terrestre, foi provocada pela queda de meteoros e pelos fatores climáticos, desta vez a responsabilidade pode ser inteiramente do ser humano.

Os efeitos dos gases de estufa sobre os oceanos

Caso as alterações climáticas continuem a agravar-se ao ritmo a que assistimos, as consequências serão devastadoras para os ecossistemas marinhos. Os gases antropogénicos, causados pelo Homem e conhecidos como gases com efeito de estufa, aquecem os oceanos e consomem o oxigénio das águas. Este fenómeno, aliado à destruição dos habitats, à pesca excessiva e à poluição costeira, põe em causa milhares de espécies marinhas.

As investigações científicas

Embora admitam que o impacto do clima na biodiversidade é difícil de analisar, principalmente nos oceanos, os cientistas confessam, no artigo, que “o futuro da vida oceânica tal como a conhecemos, sob uma alteração climática galopante, é incerto”. É tendo em conta registos fósseis resultantes de extinções em massa que ocorreram no passado, igualmente provocados por mudanças ambientais extremas, que sustentam a sua teoria. De acordo com o mesmo estudo, os oceanos tropicais serão os mais afetados e os que perderão mais espécies, ainda que algumas delas possam migrar para ambientes mais favoráveis, localizados a latitudes mais altas. Já as espécies polares, tal como o seu habitat, desaparecerão completamente.

Justin Penn e Curtis Deutsch utilizaram um modelo de análise que avalia os limites fisiológicos de uma espécie consoante a temperatura e o teor de oxigénio a que está sujeita, conseguindo equacionar a extinção de várias espécies marinhas em diferentes panoramas de aquecimento global. Desta forma, concluíram que, caso as alterações climáticas não sejam seriamente combatidas, o mais provável é que os ecossistemas marinhos de todo o planeta sofram “extinções massivas similares em dimensão e gravidade à do final do Pérmico, conhecida como a Grande Mortandade, que ocorreu há 250 milhões de anos, e provocou o desaparecimento de mais de dois terços dos animais marinhos.” (Lusa).

Na mesma edição da revista, foi publicado um comentário ao já referido estudo, no qual os cientistas Malin Pinsky e Alexa Fredston, da Rutgers University, no Estado de Nova Jérsia, lembraram que “a Humanidade enfrentar o pior ou o melhor dos cenários vai depender das decisões que a sociedade tome, não apenas sobre as alterações climáticas, mas também sobre a destruição dos habitats, a pesca excessiva e a poluição das costas […] com um foco coordenado, que aborde as múltiplas ameaças, a vida oceânica como a conhecemos tem mais oportunidade de sobreviver, este século e mais além”, sublinhando que uma redução imediata da emissão de gases de efeito de estufa pode diminuir o perigo de extinção em 70%.

Foto: Shane Keena/Underwater Photographer of the Year 2020

Segundo o Público, em 2018, uma investigação das universidades de Washington e de Stanford, nos Estados Unidos da América, publicada na revista Science, revelou que a maior extinção da História ocorreu há 252 milhões de anos, muito antes do fenómeno dos dinossauros, tendo sido provocada por alterações climáticas. Nessa altura, 96% das espécies marinhas acabaram extintas, algo corroborado pelos fósseis deixados nas rochas de vários mares, que revelam que existia um ecossistema marinho diversificado e evoluído.

 

Escrito por Ana Francisca Maio.

Revisão por Carina Seabra.

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