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Sociedade

As armas de fogo são a principal causa de morte dos jovens norte-americanos

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Milhares de pessoas saem às ruas contra o aumento da violência por armas de fogo nos EUA. Créditos: REUTERS/Jonathan Ernst

No dia 19 de maio, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos da América (CDC) publicou um balanço das maiores causas de morte entre crianças e jovens no país. Segundo o mesmo, entre 2019 e 2020, cerca de 45.222 adolescentes foram assassinados por armas de fogo, revelando um aumento de 29,5% relativamente ao período pré-pandémico. Estes dados albergam todo o tipo de ocorrências com armas de fogo: suicídio, homicídio, acidentes e casos indeterminados. O vírus da Covid-19 matou cerca de 0,2 crianças, não chegando perto das 5,4 crianças por cada 100.000 mortas por armas de fogo.

De acordo com o relatório, os rapazes são mais propensos a morrer por armas de fogo. Em relação à raça/etnia, os afro-americanos e os nativo-americanos são os mais afetados. As mortes por assassinato são as mais frequentes, seguindo-se dos suicídios. A overdose por drogas e envenenamento aumentou cerca de 83,6% entre 2019 e 2020, tornando-se a terceira maior causa de morte entre os adolescentes norte-americanos. Este causa é apenas superada pelos acidentes de trânsito.

Causas mais comuns de morte entre crianças e jovens norte-americanos. Créditos: Centers for Disease Control and Prevention

A gun violence (como é conhecida nos EUA a violência com armas de fogo) aumentou exponencialmente desde o inicio da pandemia. Ainda não são conhecidas as razões pela qual se deu esta subida de mortes, mas os investigadores da The New England Journal of Medicine, autores deste estudo, revelam que “não há garantia de que os valores de mortalidade por armas de fogo vão reverter aos valores pré-pandemia”.

“o aumento da mortalidade por armas de fogo reflete uma tendência constante e mostra que continuamos a falhar em proteger os nossos jovens de uma causa de morte preferível”. – Jason E. Goldstick, investigador no estudo acerca das principais mortes entre os jovens norte-americanos.

O ex-presidente norte-americano Donald Trump descreve agora o reaceso debate sobre as restrições à venda de armas como um “esforço grotesco”. Trump acusa o atual presidente Joe Biden e o Partido Democrata de estarem a aproveitar politicamente “as lágrimas de famílias enlutadas” para tentarem aprovar novas leis sobre as armas.

O ex-presidente compareceu à Convenção Anual da Associação Nacional de Armas realizada em Houston, no Texas, esta sexta-feira. Após o massacre na escola primária em Uvalde, Texas, no dia 24 de maio, alguns participantes cancelaram a sua participação, acabando por serem criticados pelo próprio Donald Trump. Em comentário ao massacre, o presidente acusa o “mal na sociedade” como o verdadeiro culpado pelo assassinato de 19 crianças e dois professores. Segundo o mesmo, “a existência do mal na nossa sociedade não é motivo para desarmar cidadãos que respeitam a lei”.

Este domingo, Joe Biden visitou o memorial às vítimas do massacre na região de Uvalde, Texas. Em apenas 12 dias, o presidente esteve presente em dois memoriais às vítimas de massacres, tendo sido o primeiro em Buffalo, Nova Iorque, onde dez pessoas foram assassinadas num supermercado. Na companhia da sua mulher, o presidente visitou um memorial na Escola Primária Robb e participou numa missa na Igreja Católica do Sagrado Coração. O resto do dia serviu para acompanhar os funcionários da escola e todas as famílias as vítimas mortais do massacre.

Joe Biden e Jill Biden visitam o memorial à vítimas do massacre na Escola Primária Robb em Uvalde, Texas. Créditos: Reuters.

 

Artigo de Sofia Guimarães

Revisão de Inês Santos

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