Sociedade
Proibidas as touradas na maior praça de touros do mundo
A maior praça de touros do mundo, Plaza México, situada na cidade do México e cuja plateia alcança os 47 mil espectadores, fechou portas no passado dia 27 de maio. A decisão do juiz federal mexicano, Jonathan Bass, veio redefinir a sua utilização já histórica. O processo adveio de uma ação da Associação Justiça Justa, alegando que as touradas providenciam aos animais um “tratamento degradante”, a qual concedeu um parecer favorável a esta ação, suspendendo todas as corridas, em benefício da sociedade.
Duas semanas depois, a 9 de junho, a decisão final foi tomada e ditou que não se irão realizar touradas na Plaza México até ao final do processo. Na sentença, com mais de cinquenta páginas, a justiça deu ênfase ao sofrimento dos touros, alertando para os danos físicos e emocionais causados, que se opõem ao direito constitucional do ambiente saudável.
Em resposta ao rumo do processo, a Associação Mexicana de Tauromaquia mostrou-se preocupada com a possível falta de emprego que o término das touradas poderá trazer: cerca de 80 mil empregos diretos e 140 mil indiretos, com um peso na economia mexicana de cerca de 328 milhões de euros. Também o responsável pela arena não tardou a reagir:
Os defensores portugueses da tauromaquia mostraram, também, o seu desagrado face à situação. Hélder Milheiro, secretário-geral da Federação Portuguesa de Tauromaquia (ProToiro), afirmou que a decisão é “absurda e absolutamente ilegal”. Quando questionado sobre se este processo poderia dar força às associações anti-touradas em Portugal, Hélder afirmou que não, já que:
No polo oposto, Inês Sousa Real, líder do PAN, aplaudiu a decisão do país latino. A deputada afirmou que o fim das touradas na maior praça do mundo confere força à abolição das mesmas noutros países. Reforçando sempre a violência exercida sobre o animal, o partido também não esquece que o bem-estar dos animais é igualmente importante para os seres humanos, devido à sua relevância no funcionamento dos ecossistemas. Inês mencionou, ainda, uma decisão do Comité dos Direitos da Criança da ONU, que, em 2015, considerou que “a exposição de crianças e jovens à violência das touradas é uma das piores formas de trabalho infantil no México”. Quando questionada sobre se o mesmo rumo poderia ser tomado em Portugal, Inês Sousa Real afirmou:
Tradicionalmente, o México é um dos países onde a tauromaquia está mais presente, contudo, esta prática cultural tem vindo a ser questionada e desafiada. Cinco dos 32 estados do país já proibiram as corridas de touros, quer por decisões do Congresso, quer por ações judiciais ou pela voz das gerações mais novas e mais atentas ao bem-estar dos animais.
Escrito por Amália Cunha
Revisão por Carina Seabra