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Prozis perde embaixadores depois do seu fundador admitir ser contra o direito ao aborto

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Miguel Milhão, fundador da Prozis. Créditos: Paulo Duarte / Jornal de Negócios

O final do mês de Junho foi marcado pela decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos da América em revogar a proteção do direito ao aborto, que existia no país desde 1973. Esta decisão, vista por muitos como um retrocesso nos direitos das mulheres, concedeu aos Estados membros a possibilidade de ilegalizar o aborto, pelo que as manifestações não tardaram a acontecer, tendo já o presidente norte-americano, Joe Biden, expondo a sua visão sobre o assunto, no Twitter: “Hoje, o Supremo Tribunal dos EUA retirou expressamente ao povo americano um direito constitucional que já tinha reconhecido. Eles não o limitaram – simplesmente tiraram-no. Nunca se fez isso a um direito tão importante para tantos americanos. Mas eles fizeram-no. É um dia triste para o Tribunal e para o país“.

Miguel Milhão  foi um de vários elementos a expressar a sua opinião pública acerca da temática. Para além de ter publicado um post no LinkedIn, agora apagado, onde declarou It seems that unborn babies got their rights back in USA! Nature is healing!” (“Parece que os fetos ganharam os seus direitos outra vez nos EUA! A natureza está a curar-se!”), o empresário abordou também o assunto no podcast “Conversas do Karalho”. Este serviço, exclusivo para para funcionários da Prozis e excecionalmente aberto ao público devido à polémica gerada, foi, ainda, onde  Miguel Milhões declarou que se  tivesse uma filha que tivesse sido violada, tentava falar com ela e eu cuidava da criança“.

Durante cerca de uma hora, com mais de 2 mil pessoas a assistir, o fundador da Prozis realizou uma live no Youtube onde, maioritariamente, leu  comentários face ao tema nas redes sociais. O empresário, que vive nos EUA, diz que “não precisa de Portugal” e que a empresa continuará sucedida internacionalmente. Num discurso  pró-vida, Miguel Milhão também indicou que os EUA tiveram 57 milhões de abortos, informação que não corresponde à realidade, como explica o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, entidade governamental norte-americana, quando refere no seu relatório que, em 2019, ocorreram 629.898 abortos legais.

As reações do público não se fizeram tardar, refletindo-se na perda de embaixadores da marca. Rita Belinha, apresentadora da RTP e influencer, foi uma das primeiras a informar que iria deixar de representar a marca na sua conta de Instagram.

Os valores por detrás das empresas, para mim, são fundamentais na hora de escolher com quem trabalho. Quando esses valores vão contra as minhas maiores convicções, a decisão torna-se fácil“.  Rita Belinha

Tal como Rita, muitas outras personalidades portuguesas terminaram as suas parcerias com a marca de nutrição desportiva, como foi o caso de Diana Monteiro, Jessica Athayde e Sara Vicário. A polémica escalou, levando a Prozis a restringir os comentários nas suas publicações do Facebook e Instagram. Em resposta à “cultura do cancelamento” de que está agora a ser alvo, Miguel Milhão diz que é “incancelável” , já que  “É impossível cancelarem-me, e a estas pessoas [influencers] não. A vida delas, e o que elas fazem, a forma como alimentam as suas famílias, é a vender a sua imagem“. 

Esta segunda-feira, numa carta ao Jornal de Negócios, Miguel Milhão afirma que os seus comentários faziam parte de uma estratégia de publicidade.Fazer declarações cada vez mais incendiárias para atrair o máximo de zombies“, zombies estes que descreve como “seres humanos que foram contaminados por um vírus que lhes retira a capacidade de pensar“. O maior acionista da empresa relata que a Prozis “teve publicidade como nunca na sua história. E de graça“, estimando que os lucros da polémica rondem os 10 milhões de euros.

 

Escrito por Sofia Guimarães

Revisão por Carina Seabra

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