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Sociedade

Covid-19 recua a esperança média de vida em mais de 4 meses

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Foto: Sistema Nacional de Saúde

 

Trata-se do maior recuo desde 1980. Os valores da esperança média de vida à nascença aproximam-se, agora, dos apontados nos anos 2015-2017, quando se esperava que os indivíduos vivessem 80,78 anos.

O retrocesso é justificado pelo INE pelo “aumento do número de óbitos no contexto da pandemia da doença covid-19, sobretudo, de pessoas com idades iguais ou superiores a 60 anos, em particular dos 65 aos 84 anos”.

No sexo masculino, o impacto da Covid-19 na mortalidade é mais notório. Agora, a esperança média de vida à nascença dos homens é de 77,67 anos, menos 4,8 meses do que no triénio anterior. Já as mulheres, embora com uma estimativa de vida mais longa, também viram o número encurtado em 3,6 meses, descendo para os 83,37 anos.

Em relação à esperança média de vida aos 65 anos, verificou-se igualmente um recuo de 4,1 meses: um indivíduo pode, agora, esperar viver mais 17,38 anos se for do sexo masculino e 20,80 anos se for do sexo feminino, a partir dessa idade.

No caso dos homens, esta diminuição é mais evidenciada (de 4,6 meses, face aos 3,7 meses que perderam as mulheres), mas o recuo geral para os 19,35 anos confirma a decisão de redução de 3 meses na idade da reforma em 2023 (para os  66 anos e 4 meses) em relação à idade em vigor, como já confirmado pelo Ministério do Trabalho em dezembro de 2021.

 

Uma descida transitória ou uma tendência demográfica?

No primeiro ano da pandemia, a mortalidade, não apenas por COVID-19, aumentou de uma forma atípica (mais 10,1% do que no ano anterior). No entanto, entre janeiro e agosto de 2022, o número de mortes diminuiu, registando-se menos 1366 relativamente ao mesmo período em 2021. Na realidade, nos últimos setes meses, verificou-se uma descida do número de óbitos, a par de uma subida nos nascimentos: a diferença entre os nascimentos e os óbitos – saldo natural – é de -28.730 entre janeiro e julho deste ano, enquanto no ano passado foi de 31.027.

Para além disso, de acordo com o relatório do gabinete de estatística, nos últimos dez anos Portugal registou um aumento de 1,17 anos na esperança média de vida à nascença.

Deste modo, não é possível, a curto prazo, determinar se o “excesso de mortalidade” (indicador mensal calculado pelo Eurostat para cada país) que Portugal tem verificado é ou não uma situação pontual.

 

Recuo no Alentejo e avanço nas ilhas

O Alentejo, sendo uma das zonas mais envelhecidas do país, perdeu sete meses da esperança de vida aos 65 anos.

Em contrapartida, apesar da descida acentuada dos valores em todo o Continente, a Madeira e os Açores registaram um aumento, ainda que apenas 0,4 e 2,2 meses, respetivamente. No entanto, a longevidade esperada nas ilhas é, simultaneamente, menor do que no continente (78,55 anos no caso da Madeira e 78,18 nos Açores).

Ademais, estas regiões apresentam, ainda, a maior disparidade entre os sexos, já que, na Madeira, as mulheres vivem, em média, mais 6,67 anos do que os homens, e nos Açores a desigualdade atinge os 7,10. Pelo contrário, na Área Metropolitana de Lisboa e na região Norte, a diferença não passa dos 5,63 e 5,66 anos, respetivamente.

A região onde os portugueses podem esperar viver mais anos é o Norte (81,13 anos), sendo que as mulheres contam com 83,81 anos de vida e os homens com 78,15.

 

Texto por Carolina Bastos

Revisão por Beatriz Areal dos Santos