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ANNIE ERNAUX VENCE PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 2022

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O Prémio Nobel da Literatura 2022 foi concedido à escritora francesa Annie Ernaux. O anúncio foi divulgado pela Academia Real de Ciências da Suécia Sueca em Estocolmo, nesta quinta-feira, “pela coragem e acuidade clínica com que descortina as raízes, as indiferenças e as limitações coletivas das memórias pessoais”.

© Nobel Prize Outreach. Ill. Niklas Elmehed.

Ernaux tornou-se assim a 17ª mulher a ser galardoada com o prémio internacional na história. Durante uma entrevista à televisão sueca SVT, a autora assume que ficou surpreendida com a divulgação da academia sueca, considerando a sua vitória como uma “grande responsabilidade”. 

“É uma grande responsabilidade testemunhar, não necessariamente em termos de minha escrita, mas testemunhar com precisão e justiça em relação ao mundo”, referiu Annie Ernaux.

O Presidente do Comité Nobel, Anders Olsson, reforçou a importância do património da escritora francesa. “Na sua escrita, Ernaux examina uma vida marcada por fortes disparidades de género, língua e classe, de forma consistente e com base em diferentes perspetivas”, lê-se no anúncio publicado pela Academia. 

Olsson relembrou ainda o caminho árduo da literata francesa, no qual a sua “ambição de rasgar o véu da ficção levou a uma reconstrução rigorosa do passado e a uma tentativa de escrever um tipo ‘cru’ de prosa como forma de diário, registando acontecimentos puramente externos”, destacou o Presidente do Comité. 

Annie Ernaux

Annie Ernaux nasceu em 1940, na comuna francesa de Lillebonne, inserida naquele que pessoalmente descreve como um “cenário pobre mas ambicioso”. Formada em Letras Modernas, a autora de 82 anos considera-se “uma etnóloga de si mesma” e possui uma vasta obra literária. Estreou-se em 1974 com “Amores Vazios”, seguindo-se as obras “Um Lugar ao Sol”, “Os Anos” e “O Acontecimento”, nas quais aborda temas relacionados com a classe social, o aborto e a igualdade de género. 

Aclamada por muitos como uma “voz de libertação”, foi uma das signatárias do “Manifesto das 343”, publicado em 1971 na revista francesa Le Nouvel Observateurum como um apelo à legalização do aborto assinado por 343 mulheres, entre as quais Ernaux e a célebre autora francesa Simone de Beauvoir, que admitiam já ter abortado. Mais tarde, foi igualmente subscritora do “Manifesto dos 58”, quando na sequência dos atentados terroristas em Paris as autoridades municipais francesas proibiam manifestações públicas, por alegadas questões de segurança. 

A literata já foi galardoada com outros prémios e distinções no passado, entre eles: o Prémio de Língua Francesa (2008), o Prémio Marguerite Yourcenar (2017) e o Prémio Formentor de las Letras (2019). O seu livro “O Acontecimento” foi recentemente adaptado ao cinema, tendo estreia prevista até ao final em Portugal pela Midas Filmes.

 

Artigo escrito por: Inês Sofia de Sousa Machado

Editado por: Vicente Ribeiro

 

 

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