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Sociedade

Refood pelo combate ao desperdício

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Fonte: Facebook Refood Portugal

No ano passado, de acordo com a FAO, Food and Agriculture Organization of the United Nations, um quarto da população mundial encontrava-se em situação de insegurança alimentar. Tal significa que cerca de 2 mil milhões de pessoas estavam em situação de fome ou de má nutrição.

Já um relatório do UNEP, Programa Ambiental das Nações Unidas, afirma que o mundo tem capacidade para produzir alimentos suficientes para 10 mil milhões de pessoas. No entanto, cerca de 17% dessa produção é desperdiçada. O mesmo relatório dá conta de que a média anual de desperdício de alimentos é de 74 quilogramas per capita.

Nos países mais desenvolvidos, o desperdício é mais frequente ao nível dos consumidores (desperdício alimentar, em inglês, food waste), ao passo que nos países economicamente mais desfavorecidos reside no nível de produção (perda de alimentos, em inglês, food loss). Entre perdas e desperdícios, estima-se que um terço dos alimentos produzidos por todo o mundo nunca chega a ser utilizado.

Em Portugal, os dados mais recentes apenas remontam a 2012. De acordo com um estudo do PERDA, Projeto de Estudo e Reflexão sobre o Desperdício Alimentar, estima-se que o nosso país desperdiça 1 milhão de toneladas de comida, todos os anos. Este número equivale a 274 mil quilos de desaproveitamento por dia e cerca de 97 quilos por habitante.

Foi com esta realidade como pano de fundo que surgiu a Refood. Hunter Halder, o fundador da organização, realizou a primeira recolha de alimentos no dia 9 de março de 2011, sozinho e com a ajuda de uma bicicleta. O projeto consiste numa parceria com restaurantes e cafés locais, através da recolha de comida, que de outra forma iria ser remetida diretamente para o lixo. Com a ajuda de voluntários, os alimentos são posteriormente separados, organizados e encaminhados para pessoas e famílias carenciadas. Deste modo, a missão da Refood, passa por:

“Transformar o desperdício de comida em refeições de valor inestimável, os cidadãos não envolvidos em agentes de mudança, as empresas em parceiros social e ambientalmente responsáveis, a exclusão em inclusão, a insegurança alimentar em nutrição regular, os desconhecidos em amigos e a indiferença em solidariedade.”

Passados onze anos, a Refood conta atualmente com 60 núcleos, distribuídos por todo o país. O movimento nasceu em Portugal, mas já se expandiu para outros países, como Espanha, Itália, Estados Unidos da América e Brasil. Traduzido para números, o impacto da Refood é ainda mais marcante: 150 mil refeições doadas por mês a 6800 beneficiários, graças à colaboração de 2500 parceiros e 7500 voluntários.

A pandemia da Covid-19 obrigou a algumas alterações, mas a Refood não parou. Segundo uma entrevista realizada pela TSF ao fundador, fecharam “cinco ou seis núcleos que não se aguentaram”, mas, por outro lado, abriram outros, no sul do país e na cidade do Porto. Com o fecho de vários restaurantes, a Refood passou a investir também em supermercados, refeitórios e no próprio Banco Alimentar. Em reposta à TSF, Hunter Halder explica que não podia estar mais feliz com o rumo que a Refood tomou e resume a missão da organização em poucas palavras:

“Resgatar a comida, alimentar as pessoas e incluir a comunidade”

 

Escrito por Amália Cunha

Revisão por Maria José Coelho

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