Sociedade
Gémeos nascem de embriões congelados há 30 anos
São os embriões mais antigos a serem utilizados com sucesso na história, garante o Centro Nacional de Doação de Embriões (NEDC, sigla em inglês). Apesar da possibilidade de um embrião mais antigo já ter sido utilizado no passado, nenhum registo oficial contesta o novo recorde dos gémeos recém-nascidos Lydia e Timothy.
Os embriões, mantidos em nitrogénio líquido a -196ºC durante três décadas, passaram os primeiros quinze anos numa clínica de fertilidade na Costa Oeste norte-americana, sendo posteriormente transferidos para o laboratório da Southeastern Fertility, uma clínica médica associada ao NEDC, avança a CNN.
Os pais destes gémeos, Rachel e Philip Ridgeway, tinham respetivamente três e cinco anos quando os embriões criados a partir de fertilização in vitro (Fiv) foram congelados em 1992. A doadora de ovócitos e o doador de espermatozoides permanecem anónimos, mas sabe-se que tinham 34 anos e 50 anos, respetivamente.
“Há algo de incompreensível nisto”, acredita Philip Ridgeway, pai dos gémeos. “Tinha 5 anos quando Deus deu vida a Lydia e Timothy, e tem preservado essa vida desde então. De certa forma, são os nossos filhos mais velhos, embora sejam os nossos filhos mais novos”, acrescenta.
O casal já tinha quatro filhos com idades entre um e oito anos, concebidos naturalmente sem recorrer a FIV ou doadores.
Fertilização in vitro e doação de embriões
A fertilização in vitro é uma técnica de reprodução assistida, na qual se dá a união do ovócito com o espermatozoide em laboratório, com a finalidade de transferir para o útero materno embriões já fecundados.
É um dos processos utilizados como solução para a infertilidade, problema que, segundo dados da Organização Mundial de Saúde, afeta cerca de 15% dos casais em idade reprodutiva.
Com o objetivo de aumentar as chances de sucesso do procedimento, são produzidos mais embriões do que aqueles que muitas vezes acabam por ser utilizados. Fica então em aberto o que acontece aos restantes embriões, que podem ser armazenados, doados à ciência ou a outras famílias.
Tanto a doação como a adoção de embriões são opções oferecidas pelo NEDC, que afirma ter contribuído para o nascimento de mais de 1200 bebés desde a sua fundação em 2002. Para a adoção de embriões, o NEDC requer que os casais sejam compostos por uma pessoa do sexo masculino e uma do sexo feminino, casados há pelo menos três anos.
A organização sem fins lucrativos cristã, sediada em Knoxville, Tennessee, já tinha estado envolvida no nascimento de Molly Gibson, a antiga recordista que nasceu em 2020 através de um embrião congelado 27 anos antes do seu nascimento.
Texto por Beatriz Bueno Correia
Revisão por Vicente Ribeiro