Sociedade
Fórum 2050 – Que futuro queremos para o país e para o mundo?
A complexidade associada às perspectivas de futuro para a nossa sociedade motivou a realização de um debate sobre este tema. O Fórum 2050 trouxe à discussão o tópico das políticas públicas e como estas podem ser uma ferramenta para melhorar o futuro.
No passado dia 28 de outubro, o Salão Nobre da Reitoria da Universidade do Porto foi palco de um debate – Fórum 2050, que contou com a presença de académicos, cientistas, empresários e políticos. Foi discutido o cenário do país e do mundo em 2050, e o papel que cada um de nós pode ter para um futuro mais sustentável.
Esta iniciativa foi organizada pela Universidade do Porto e pelo PlanAPP – Centro de Competências de Planeamento, de Políticas e de Prospetiva da Administração Pública. Considerando os conceitos Utopia – Prospetiva – Política, o grande objetivo é discutir abordagens para o futuro, como se pode melhorar a elaboração de políticas públicas, com o mote principal de melhorar o bem-estar, segurança, felicidade e sustentabilidade da população.
O dia começou com uma sessão de boas-vindas encabeçada por Fátima Vieira, Vice-Reitora da U.Porto para a Cultura e Museus,acompanhada por Paulo Areosa Feio, diretor do PlanAPP. Numa tentativa de compreender diferentes “visões para construir o futuro”, a primeira mesa redonda contou com a presença de académicos nacionais e internacionais. Cada um dos oradores foi desafiado a apresentar uma imagem que resumisse a sua visão sobre o que será o futuro, ou sobre como o deseja.
“Seis ideias para o futuro” foi o mote da sessão seguinte, em que seis painelistas dispunham de apenas 3 minutos e uma imagem para, de acordo com o trabalho que desenvolvem, nomeadamente nas áreas da arquitetura, ambiente, economia e medicina, apresentar a sua ideia para moldar o futuro.
O JUP esteve presente na sessão da tarde, que teve como tema “Políticas Públicas para construir o futuro” e contou com a presença de um membro do parlamento escocês – Rob Litllejohn. O orador trouxe à discussão a criação de espaços físicos para os políticos e cidadãos discutirem e pensarem a longo prazo, num esforço conjunto para a criação de políticas públicas, usando a imaginação e pensando além fronteiras.
A inteligência artificial e a sua relação com as políticas públicas foi também discutida e abordada pelo professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e Diretor do Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência de Computadores, Luís Paulo Reis. O docente reforçou a importância destas políticas serem elaboradas em conjunto com os cientistas e não se reduzirem apenas à discussão entre políticos. A própria inteligência artificial pode, argumentou, ajudar na elaboração de políticas públicas, pela sua natureza preditiva e de análise de dados.
O Secretário de Estado do Ensino Superior do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Pedro Teixeira, marcou presença no evento e trouxe à discussão as sete características que as políticas públicas devem ter ou seguir:
- Estabelecimento de prioridades;
- Clareza;
- Coerência;
- Persistência e paciência;
- Envolvimento de diferentes atores para promover o enraizamento destas políticas;
- Flexibilidade;
- Conhecimento: segundo o secretário de estado este é “muito apregoado e pouco praticado”.
Este painel contou, ainda, com a intervenção de Joana Mendonça, professora do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa. Segundo a oradora, as políticas públicas devem ter como principal objetivo tornar a vida das pessoas melhor. Para isso, há que estabelecer prioridades e pensar de uma forma integrada para dar resposta aos problemas.
Por fim, numa discussão intitulada “Conversas para o futuro”, Elisa Ferreira, Comissária Europeia para a Coesão e Reformas, referiu que as utopias do futuro ainda servem de mote para a criação de políticas públicas. O essencial, defende, é todos terem acesso às mesmas oportunidades e serviços básicos, independentemente do local onde nascem.
Renato Janine Ribeiro, professor catedrático de Ética e Filosofia Política da Universidade de São Paulo, refere também que a insegurança dá aso à adesão a políticas populistas, e desequilíbrios de mercado. Por isso, as políticas públicas devem aproximar as utopias da realidade. As pessoa devem refletir sobre os regimes políticos, a crise migratória, os conflitos e as alterações climáticas.
Cada vez mais é necessário refletir sobre o mundo que queremos construir. Estaremos dispostos a abdicar do conforto que temos no presente para começar a construir um futuro mais agradável para todos? Este evento foi, à luz dos presentes, o mote ideal, para trazer esta temática à discussão. A mensagem final foi clara: as políticas públicas têm de colocar as pessoas em primeiro lugar e temos de refletir sobre a importância da utopia e de que forma podemos trazê-la até nós.
Artigo e fotografia por: Carina Vieira
Editado por: Ana Pinto e Inês Miranda