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FEMglocal: O papel dos Feminismos em Portugal

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Imagem: FEMglocal

A coordenadora do projeto de investigação FEMglocal, Carla Cerqueira, traz ao JUP reflexões sobre os feminismos em Portugal, como o projeto contribui para os mesmos e partilha planos futuros.

 

O projeto de investigação FEMglocal, desenvolvido na Universidade Lusófona do Porto (ULP), procura compreender os movimentos feministas existentes no país e como são representados mediaticamente. A investigação destaca a importância dos diversos feminismos no nosso país e do não esquecimento deles.

Em entrevista ao JUP, Carla Cerqueira, coordenadora do FEMglocal e professora na ULP, falou sobre a importância do projeto, a equipa por trás do mesmo e os estigmas relacionados aos feminismos.

Carla Cerqueira conta que a ideia de iniciar o projeto “FEMglocal – Movimentos Feministas glocais: interações e contradições” veio da sua percepção de que era muito importante trabalhar mais a questão das estratégias de comunicação dos ativismos feministas”.

De acordo com a docente, a investigação é de suma importância na contribuição para os feminismos em Portugal. “Vamos sentindo, no decorrer do projeto, que [a investigação] cada vez é mais importante. O que nós sentimos também é que a palavra ‘feminismo’ ainda é muito ali associada a um certo estigma.”

Perceber a História dos Feminismos

Durante a realização do projeto, a investigadora observou que há lacunas nos registos históricos dos movimentos feministas em Portugal. “Vemos acontecer determinados retrocessos na atualidade, e percebemos que há um vazio relativamente ao passado e a todo esse processo histórico. É nesse sentido que nós tentamos contribuir. E, ao mesmo tempo, sentimos que face a tudo que tem acontecido a nível nacional e internacional, em relação a esses retrocessos, o projeto mostra claramente a sua relevância, que não é só científica, mas também  social.”

Foto cedida por: Carla Cerqueira

“Nós sentimos que o projeto tem sido extremamente importante, porque ele não é só um projeto sobre a atualidade, é um projeto que tenta recuperar a memória histórica dos feminismos, e tenta também, de algum modo, visibilizar e funcionar como uma espécie de arquivo desses feminismos.”

Ao ser questionada sobre os 50 anos do 25 de abril e sua relação com os feminismos e o FEMglocal, Carla Cerqueira reflete: “temos uma mudança que o 25 de abril trouxe para os feminismos que é muito relevante. Se pensarmos em termos daquilo que está presente no projeto, é a partir desta altura que as organizações feministas começam a surgir e começam a colocar determinadas agendas temáticas.”

A professora lembra ainda que, apesar de ter havido muitos avanços desde o 25 de abril, as conquistas não podem ser tomadas por garantidas. 

“Por isso, é que os feminismos nesta secção plural são fundamentais: para garantir precisamente a possibilidade de acesso a direitos e deveres de todas as pessoas, e que elas sejam olhadas e sejam, no fundo, representadas no espaço público de forma equitativa e diversa.”

Levar os Feminismos à Sociedade

Carla Cerqueira conta que o FEMglocal tem como públicos-alvo a academia, as escolas, os jovens, os jornalistas e as ativistas feministas. 

A investigadora explica: “Focamos muito na análise da imprensa, e análise de revistas e jornais que, no fundo, são mais lidas e vendidas na atualidade. E tentamos perceber como estes temas e organizações e coletivos feministas têm sido representados no jornalismo”.

O projeto de investigação conta com estudos de casos, inquéritos que mapeiam as organizações e coletivos feministas, análises de coberturas noticiosas, um podcast, e artigos e livros publicados internamente

Na luta contra os estereótipos e os estigmas em relação aos ativistas e às feministas, o FEMglocal conta com um booklet. Este documento “é direcionado aos jovens e às escolas, para trabalhar com professores e estudantes do secundário. O objetivo é precisamente trabalhar sobre esses temas e esses conceitos, os desconstruindo.” 

Além dessas formas de disseminação, o FEMglocal busca a publicação de um documentário. “O objetivo principal é ir buscar algumas destas memórias ao arquivo. Portanto, temos este trabalho, por um lado, de dar um contexto histórico no documentário, dos ativismos feministas até a atualidade, e depois tentar ter aqui vozes que são diversas e atuais, de ativistas feministas em diferentes regiões, com diferentes cidades e perspectivas do que são os diferentes ativismos feministas na atualidade”, conta Carla Cerqueira.

O projeto, que se iniciou em 2022, tem 36 meses de duração, estando já a caminhar para o fim. 

Embora não esteja ainda definido ou previsto um modo de continuação deste projeto, “algumas pessoas estão a desenvolver teses de doutoramento ligadas ao FEMglocal e alguns alunos da licenciatura de Ciências da Comunicação estão envolvidos no projeto. Isso mostra que há iniciativas para a continuação do mesmo”, conclui Carla Cerqueira. 

 

Para acompanhar e saber mais sobre o projeto de investigação FEMglocal, consulte o site ou entre em contacto através do e-mail info@femglocal.pt.

 

Artigo por: Isabela Werneck

Editado por: Ana Pinto, Inês Miranda e Joana Monteiro

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