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MÉXICO: A HISTÓRIA DE QUE POUCO SE FALA

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“Com as proclamações: «Todos somos Ayotzinapa», «Levaram-nos vivos, queremo-los vivos», «Ayotzinapa vive» e «Eles também são meus filhos», os mexicanos saíram à rua em marchas de indignação e de apoio aos pais dos estudantes desaparecidos. Durante 42 dias, associações civis, académicas e organizações internacionais exigiram ao governo mexicano o esclarecimento do que tem acontecido e do aparecimento dos jovens, conta Alejandra Muñoz, estudante mexicana com quem o JUP falou.

Tudo em vão. Os esclarecimentos do governo do México foram poucos.  As televisões e jornais do país limitaram-se a dizer “que isto se tinha passado e ponto, não havia mais discussão”, refere a estudante de 22 anos. Através de relatos de familiares e amigos, Alejandra acredita que a informação “não era muito credível.”

“Ao início fala-se pouco sobre isso nos media. Eu inteirei-me da situação através das redes sociais e por alguns grupos que tenho nessas redes, mas foi através de meios alternativos, não através dos meios «maioritários» de informação”, destaca Alejandra.

O Facebook foi o principal canal de divulgação da história, onde foram logo levantadas as questões: “O porquê de terem desaparecido, para onde foram levados, quem os levou, o que realmente se passou?”.

Os meios de comunicação social do México, país onde mais jornalistas são assassinados, “tratam esses assuntos como uma notícia secundária”, afirma Alejandra. “Os meios de comunicação locais e nacionais falam de um desaparecimento em dez, é essa a noção que eu tenho.” Contido, esta consciência não é partilhada por toda a população mexicana. “A maioria das pessoas ainda não caiu nesta realidade.”

Quanto ao facto dos media europeus não falarem do assunto, a jovem considera que não é fruto de pressões exteriores, mas sim opção da comunidade internacional em esconder as “coisas más”.

Mas afinal, “Porque gritam as ruas do México «Foi o Estado»?”, questiona Alejandra. A certeza é uma: “O México amanhece triste, cansado da insegurança, da violência, da desigualdade, do desespero”, remata a estudante que assiste à distância a uma história ignorada.

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