Sociedade
VI DIA DO VOLUNTÁRIO DA UNIVERSIDADE DO PORTO
Evento já habitual no universo UP, o Dia do Voluntário foi celebrado com a realização de várias atividades: uma Mostra de Voluntariado – onde várias instituições, de caráter académico ou não, se deram a conhecer à sociedade – uma mostra de fotografia, apresentada por estudantes sírios, e um Seminário centrado no papel do Voluntário no acolhimento e integração dos Refugiados.
No Salão Nobre, a discussão foi encetada por Sebastião Feyo de Azevedo (reitor da Universidade do Porto), que não poupou elogios quando referiu o trabalho da Academia ao estabelecer uma forte ligação entre o mundo universitário e a sociedade, sobretudo no que concerne às três grandes problemáticas da atualidade, “a questão do desemprego, a pobreza consequente e a atual problemática dos refugiados”. Expressou, portanto, a sua “satisfação doce” pelo “crescimento exponencial” de estudantes que “dispensam parte da sua vida a dedicar-se a estes temas”.
Seguiu-se a participação do Professor João Teixeira Lopes (Presidente do Departamento de Sociologia da FLUP), que começou por afirmar que, sendo o voluntariado o cumprimento de um dever cívico, “tem, atualmente, um peso muito grande com este desastre humanitário a acontecer”. Depois, explicou que a globalização deve ser entendida como “uma aceleração sem precedentes, de contacto entre povos e culturas” e que “Portugal sempre foi uma plataforma logística por onde passaram pessoas para outros continentes, onde ficaram, e de onde saíram; portanto, Portugal sempre foi um articulador histórico”, e que, por isso, considera “incompreensíveis” os receios de hoje em relação às pessoas que serão acolhidas por Portugal. Disse ainda que “o espaço público não é apenas um espaço urbano, mas sim aquele espaço onde somos capazes de apresentar, com legitimidade e tranquilidade, as nossas diferenças em relação ao outro, e onde nos encontramos com o outro”.
Por último, interveio Maria Teresa Tito Morais Mendes, Presidente da Direção do Conselho Português para os Refugiados. Revelou-se preocupada com aquelas que consideram ser os principais desafios a enfrentar pela Europa: a Crise do Euro, a Crise da Livre Circulação e, sobretudo, uma “crise de memória”, como designou a atitude das instituições europeias, que “faz questionar como é que a Europa, no final da II Guerra Mundial, foi capaz de resolver os seus problemas, não tão diferentes destes, de forma solidária, responsável e serena”.
Acrescentou que Portugal não poderia ficar alheio a esta “Crise da Europa a lidar com os Refugiados… porque esta não é, de todo, uma Crise de Refugiados”, tendo aceitado 1470 pessoas vindas da Grécia e de Itália. Para tal, tem sido ultimado um conjunto de estratégias que terão de ser “completas”, já que se colocam problemas de “alojamento, educação de menores, aprendizagem da língua, formação profissional”. Exige-se, então, um “reforço da cidadania, e uma participação democrática da integração destas pessoas no tecido social.”
Maria Mendes rematou: “as migrações deveriam ser uma opção e não uma necessidade, uma esperança e não uma tragédia; mas, em todo o caso, constituem uma grande oportunidade de desenvolvimento dos países de acolhimento.”