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Educação

Startup Hubisenior quer ser oferta inovadora no envelhecimento digno

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Imagem: Pexels

Depois do spin-off com a UP e após doze meses de trabalho, um dos fundadores da startup Hubisenior, André Santos, esteve à conversa com o JUP e falou sobre a construção do projeto, dificuldades, redes sociais e o futuro.

 

A startup Hubisenior, fundada em 2024, junta dois ex-alunos da Universidade do Porto (UP) e tem como principal objetivo combater as dificuldades que existem atualmente no acesso aos cuidados geriátricos. Entre os principais desafios identificados pelos criadores da empresa estão a heterogeneidade do país no que toca a cuidados “qualificados, seguros e dignos” e a transição digital do setor. André Santos demonstra vontade em trazer para Portugal um conceito pouco conhecido. A gerontecnologia consiste na “utilização de devices e tecnologias que permitem adaptar os cuidados e facilitar a gestão das necessidades dos idosos”.

André descreve o projeto que tem em colaboração com Sónia Silva através da palavra “pioneiro”. Embora sejam de áreas de formação distintas, André (ICBAS) fala de “complementaridade” para descrever a sua ligação com Sónia (FEUP). O projeto, confessa André, é a junção das suas “competências na área da saúde e da geriatria” com as “competências profissionais da Sónia na área do empreendedorismo, da própria tecnologia e de entendimento de negócio”.

Ainda antes de formarem a empresa, já discutiam sobre “o que poderia ser feito” ou sobre “criar alguma coisa inovadora”, durante “conversas normais de brainstorming”. Mas foi só depois da partilha de uma situação familiar que o projeto ganhou forma. André conta a história que despertou o foco da empresa na terceira idade: “os meus avós tinham uma senhora que cuidava da minha bisavó, sobretudo durante as manhãs, para que os meus avós tivessem alguma liberdade. No decorrer desta experiência, resultou que a senhora conseguiu roubar uma quantia bastante avultada de ouro aos meus avós”. Foi depois deste incidente que “começamos a pôr mãos à obra”, conta o ex-aluno do ICBAS.

Agora, com doze meses de trabalho no “desenvolvimento de plataformas, modelos de negócio e criação de todo o processo burocrático”, a Hubisenior conta com mais de trezentos trabalhadores formados e trinta profissionais em formação. A plataforma oferece vários módulos de instrução de cuidados especializados, uma vez que os criadores da startup apontaram como problemas, depois da sua investigação, “a falta de formação” e “uma assimetria muito grande em termos de conhecimento destas pessoas que já prestam estes cuidados”.

O objetivo dos módulos, disponíveis em sistema B-learning, é “capacitar as pessoas que querem realizar este tipo de trabalho para que o possam fazer em segurança”.  Ainda que a formação seja quase sempre assíncrona e online, dada a disponibilidade dos formandos, existem também módulos presenciais com a equipa de enfermagem (p.e. de mobilizações, de higiene e de segurança), de forma que, independentemente do grau de conhecimento, os profissionais tenham uma formação completa. Para os que têm algumas competências e experiência, a plataforma dá-lhes a oportunidade de completarem os módulos “de forma independente”, mas com a preocupação de desenvolver “algumas competências específicas”. O exemplo disso é a gerontecnologia, que consiste em “capacitar os profissionais que vão prestar este tipo de cuidados a gerir o tipo de tecnologia e devices que vão começar a surgir no mercado”. Simultaneamente, estes trabalhadores serão “a porta de divulgação dessa mesma tecnologia para os clientes”.

Perante as soluções atuais – “nomeadamente os lares, os centros de dia e as próprias empresas de apoio domiciliário” – , os fundadores da empresa verificaram, na investigação, que “acabam por ser os familiares diretos a abdicar da sua vida pessoal e da sua vida profissional, para prestar este tipo de cuidados, porque não confiam ou não gostam de alguns dos cuidados que são prestados” e que “a maior parte dos idosos gostam de envelhecer em casa”. A partir destas informações e resultados, a Hubisenior tentou criar um “modelo diferente”, focado na atenção privilegiada do cuidador, através de serviços de maior duração, e na estimulação para além das tarefas de higienização e de mobilização. A “confiança com o cliente”, através da verificação do “background dos cuidadores”, e o “selo de qualidade”, através da formação e da legalidade dos serviços, fazem da Hubisenioruma oferta que neste momento não existe em Portugal”.

Porém, André não esconde “as dores de cabeça” e fala sobre as dificuldades que a empresa tem sentido. “A quantidade de apoios bastante reduzida”, “o desafio de como vamos chegar a eles [aos idosos]”, “a falta de investigação de qualidade na área do envelhecimento” e “a legislação em vigor” são alguns dos problemas que a empresa sediada em Matosinhos tem sentido. André aponta também uma problemática global, uma vez que “Portugal ainda é um país muito verde no que diz respeito ao desenvolvimento e empreendedorismo” e “que isto é transversal aos problemas que sente qualquer empreendedor em Portugal e sobretudo que queira criar uma startup”.

Perante a possibilidade da internacionalização, a Hubisenior garante que “está em cima da mesa”, sobretudo “no mercado europeu que segue a nossa tendência e tem um contexto semelhante de princípios, costumes e tendência demográfica”, mas o cocriador do projeto assume que “neste momento, o foco é trabalhar no mercado português”.

Quando questionado sobre o problema na comunicação/publicidade dos serviços, o cofundador diz que esta é feita através das “gerações a seguir”. A empresa procura criar “conteúdo simples, que seja difundido em meios em que estas pessoas estão, sobretudo em redes sociais como o Facebook” ou “através de instituições parceiras às quais eles recorrem” ou ainda a partir do “público mais jovem que acaba por difundir esta ideia aos pais ou aos avós quando eles precisam de uma solução”.

Já no final da conversa, André Santos sublinhou a marca que a empresa quer deixar na sociedade. O destaque centra-se na consciencialização para o problema do envelhecimento no futuro e para a urgência em arranjar soluções: “Quando chegarmos a essa altura [de idade avançada], queremos um país que não nos dá soluções ou queremos ter um país que já tem um desenvolvimento que permita que nós tenhamos um envelhecimento com qualidade e dignidade?”. É deste modo que André interpela os jovens da atualidade e os convoca para a discussão sobre o envelhecimento digno.

Aos novos empreendedores, deixa também uma mensagem: “Precisam de muita resiliência, mas não desistam se a ideia for boa. Tudo aquilo que tenha por objetivo melhorar as condições atuais das pessoas provavelmente terá sucesso, será difícil, mas terá sucesso”.  

Para obter mais informações, consulte as redes sociais da Hubisenior: Instagram, Facebook, Linkedin ou o site.

 

Artigo por: Gabriel Proença Santos

Editado por: Ana Pinto, Maria Inês Faria e Mariana Dias

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